Nunca-instrumentais
Vá para longe, amor;
Vá para bem longe, meu grande amor;
para lá dos alpes recolher as rosas que te dei em esporro;
e os talos que apoiavam esta travessia, então vá;
bem longe
e não se atrevas a dizer com quem andas,
e nem se andas,
que vou fazer as malas,
e guardar as tralhas,
e recolher os cacos,
e rebuscar as pinturas,
famigeradas por desenhos,
ilustrados sem as cores ,
que empacotavam a trouxinha,
enciumada dentre a chave,
que trancou tudo naquela gaveta,
minha baixinha.
Porque desta vez, infelizmente;
não serei semente,
(e nem mesmo indigente),
pontual em arar mentiras
e em anunciar que ando só.
Cale-se, e tão somente,
perceba que clarividente,
nosso amor deixou de ser, e tornou-se pó.