Nunca-instrumentais

Vá para longe, amor;

Vá para bem longe, meu grande amor;

para lá dos alpes recolher as rosas que te dei em esporro;

e os talos que apoiavam esta travessia, então vá;

bem longe

e não se atrevas a dizer com quem andas,

e nem se andas,

que vou fazer as malas,

e guardar as tralhas,

e recolher os cacos,

e rebuscar as pinturas,

famigeradas por desenhos,

ilustrados sem as cores ,

que empacotavam a trouxinha,

enciumada dentre a chave,

que trancou tudo naquela gaveta,

minha baixinha.

Porque desta vez, infelizmente;

não serei semente,

(e nem mesmo indigente),

pontual em arar mentiras

e em anunciar que ando só.

Cale-se, e tão somente,

perceba que clarividente,

nosso amor deixou de ser, e tornou-se pó.

Alexandre Bonilha
Enviado por Alexandre Bonilha em 03/12/2012
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