UM DIA (PARA QUE NÃO SE DIGA)

“UM DIA”

(PARA QUE NÃO SE DIGA)

Um dia ela sorriu para mim

E o sorriso se estabeleceu

E feliz o mundo se fez

E eu enfim, me amei.

Como um choro

Que não se tem;

Como um rosto

Que só se quer bem

Eu a amo

Mulher de amor,

E os dias sorriam

E eu sorri,

Pois não sofri,

Por dias...

Em que jamais,

Não a pude sentir

E o riso morto

De um sol que se pôs

No rosto...

Vivo do mar,

Ao encontro...

E ao espírito

De outros mares,

Em que minha alma,

Transbordou-se em dois!

...E eu a almejei

Em tudo o que eu jamais,

Pedi...

...E em um dia que passa...

Em que também renasci

Em um outro a se perder...

Em se distanciar,

E em não se querer,

Parti!

Na ilusão de aproveitar-se,

De um dia que não se está,

Apropriar-se do que acalorará

E que não se abraça

Sem a previsão que passa,

Sem se dizer...

...Que amo,

Na precisão do caminho;

Na procissão do que sismo,

Na rendição das mãos sem carinho,

Na remissão do exílio,

Na confissão de não se viver

Na direção...

Na distância e na postura,

Em que se corar as faces;

Em que a quero conhecer!

Vizinho do dia,

Que visito em forma aflita

Como perdição sorrida,

Como servidão polida,

Como busca vazia,

Pelo medo de me perder!

Para que eu não me possa ficar asilado

Em um passado que não se tem

Em quem se encontrar,

Seja se desprender,

Ao que jamais se vem

Para que um outro se vingue,

E que um outro se vista alegar,

Que se tenha alegrar,

Asfixiado,

Ao que o outro se respire

Em um amor de susto,

Em um sonho de uso

No sono de realizá-lo,

Para que não se desvie...

...Que venha,

Para que do mal se desprenda;

Para que das coisas não se descreia,

Para que não se acabe e se receba

Para que se convide o ar;

Para que não se conviva

Da beleza que se anular distante

Para que se beba,

De seu corpo,

E de seus beijos

E que se venha amparar

Para eu que a preciso

Para que a cada dia

Seja mais vibrante,

Que ao medo,

Que o mesmo que o antes

E para que não me apanhes

Em seus braços

Senão se fizer amar

E me queira,

Sem panes!

E a encontrar-se em peles combativas

E combalidas em raras e raros visitantes,

E em únicos brilhantes,

Que seus olhos concederem

Em repostas que se pena,

Em réplicas que se pensam

Em lábios que não se digam,

Que não me amarão viver!

Para quem se ama em esforços

De rostos colados;

Em desgostos atropelados

Por ciclos idos,

Cruzados, ambivalentes,

Recentes,

E não descartados.

Para que não se diga,

Em destroços,

Que por ti não me amarei

Porque a amarei,

Até quando,

Eu não saiba,

Que não foi em vão,

Porque a queria,

E por prevê-la,

Saberei!

Em que a lição...

Dos olhos repartidos em seios

Em paixões e em flores,

Ao olhar-se em meio...

A todos os reios,

Para que meu coração não se possa superar,

Porque ao esperar, me resguardarei.

E a aguardarei,

Como a vida,

Que se aguarda conceber

De beijos ditadores,

Em visores,

Em luzes que se desfloram

E que desbotam,

O espectro da solidão,

De não se conhecer

Amiga e devoção,

Condição,

Que só me faça amar,

Ao seu dizer

Rainha que reconta.

Que conta por cada noite,

Os sonhos de homem...

Os minutos que permeiam a loucura,

Em que se some e que se toma,

Dos escombros de minha rendição

Na solidão de não se viver

Para que não se vivencie

Os encontros de afronte,

Os calores dos favores

Em que os ombros se dão

Em pernoites...

Em que se embebesse,

Em que se conhece;

A mulher que chamo,

De minha paixão!

Na vazão...

Da solidão dos sonhos

Em que fomos nulos

E em que tememos os encontros

Lascivos em corpo

Em que o tempo

Ia-se frouxo,

E não que se seguia moço,

Esguio de anoitecer

Que sonhava e não se fazia poço

Para o amor se realizar

Em pedidos de encontros prontos

Em guias que sonhei perpetuar

Para que não se diga,

Um dia,

Que não me queira perder;

Que não me queira reconhecer.

Porque é única;

Porque é dúvida;

Porque é o nunca,

Que não quero receber!

Omar Gazaneu
Enviado por Omar Gazaneu em 02/12/2012
Código do texto: T4016098
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