Gemidos no Cais
Grandes e monumentais plataformas
Sustentam a chegada nas sedes divinais
Vezes outras, outeiros pequenos e tímidos
Pontes de madeiras de pequeno calado d’água;
Sobejam pelas enseadas, bordadas pelas praias
Mulheres cobrem de vestes suas anáguas.
Resgatam homens elencados por naufrágios,
Em que naus, carcomidas por águas perigosas
Sangram e transbordam suas heróicas histórias,
Ao som das violas dos velhos e sábios cancioneiros
Que vagam cansados por ermos caminhos
Daquele grande e bravo mar, livre e prisioneiro
Vens ao encontro de terra firme,
E uma casinha ao longe tem uma luzica
Que clareia e faz sombra na calçada
Embalando os sonhos dos marinheiros
Atraentes coquetes, com seus corpos tatuados
Pelas imagens e sonhos que deixaram ancorados
Em algum lugar, num profundo turbilhão de gozo
Aflora aquele sincero sentimento que vem sem hora
Onde a calma meretriz sorridente e cansada
Marcha de encontro ao vento, ao porto feliz
Esperando o alimento, o deleite reprovado,
Da cópula lucrativa, que incendeia sua matiz
Nos paquetes que transitam em seus caminhos
Acometidos de silenciosos grunhidos e gemidos;
Famintos, famigerados, desalmados e sombrios
Lobos do mar, caçam as beligerantes guerreiras
Camuflando sorrisos e esbanjando arrepios
Solapam à alcova de uma frondosa trepadeira
Fingindo não raciocinar, excogitam seu paradeiro
Como robustos perdigueiros farejando seu troféu
Atravessam seus mares direcionados por faróis
Bebem suas águas ardentes, seguros do seu papel
Incomodados pela queimadura do sol em suas peles
Esquadrinham a vida num turbulento carrossel
Volúpias singram em seus rostos bronzeados, suados...
E voltam ao encontro das naus, ao resto das faulas,
inflamadas pelos grandes e muitos maremotos
Embalados por bravas ondas sonoras e vingativas
Varrem os barcos que insuflam suas águas atrativas
Tornam-se cães apressados, correndo pelo cio
Juntam-se àquelas musetas dançantes fulgurais
Meros femeeiros e assanhadas ninfetas
Cheias de odor e sem pudor, com gestos maestrais
Sentadas ou caminhando sob a luz da lua,
Esperam seus parceiros a beira do cais
MEG KLOPPER
(Amália C. Klopper)
CIRANDA CAIS = CIRANDA DAS LETRAS
Niterói / RJ, 27 de fevereiro de 2007.
Grandes e monumentais plataformas
Sustentam a chegada nas sedes divinais
Vezes outras, outeiros pequenos e tímidos
Pontes de madeiras de pequeno calado d’água;
Sobejam pelas enseadas, bordadas pelas praias
Mulheres cobrem de vestes suas anáguas.
Resgatam homens elencados por naufrágios,
Em que naus, carcomidas por águas perigosas
Sangram e transbordam suas heróicas histórias,
Ao som das violas dos velhos e sábios cancioneiros
Que vagam cansados por ermos caminhos
Daquele grande e bravo mar, livre e prisioneiro
Vens ao encontro de terra firme,
E uma casinha ao longe tem uma luzica
Que clareia e faz sombra na calçada
Embalando os sonhos dos marinheiros
Atraentes coquetes, com seus corpos tatuados
Pelas imagens e sonhos que deixaram ancorados
Em algum lugar, num profundo turbilhão de gozo
Aflora aquele sincero sentimento que vem sem hora
Onde a calma meretriz sorridente e cansada
Marcha de encontro ao vento, ao porto feliz
Esperando o alimento, o deleite reprovado,
Da cópula lucrativa, que incendeia sua matiz
Nos paquetes que transitam em seus caminhos
Acometidos de silenciosos grunhidos e gemidos;
Famintos, famigerados, desalmados e sombrios
Lobos do mar, caçam as beligerantes guerreiras
Camuflando sorrisos e esbanjando arrepios
Solapam à alcova de uma frondosa trepadeira
Fingindo não raciocinar, excogitam seu paradeiro
Como robustos perdigueiros farejando seu troféu
Atravessam seus mares direcionados por faróis
Bebem suas águas ardentes, seguros do seu papel
Incomodados pela queimadura do sol em suas peles
Esquadrinham a vida num turbulento carrossel
Volúpias singram em seus rostos bronzeados, suados...
E voltam ao encontro das naus, ao resto das faulas,
inflamadas pelos grandes e muitos maremotos
Embalados por bravas ondas sonoras e vingativas
Varrem os barcos que insuflam suas águas atrativas
Tornam-se cães apressados, correndo pelo cio
Juntam-se àquelas musetas dançantes fulgurais
Meros femeeiros e assanhadas ninfetas
Cheias de odor e sem pudor, com gestos maestrais
Sentadas ou caminhando sob a luz da lua,
Esperam seus parceiros a beira do cais
MEG KLOPPER
(Amália C. Klopper)
CIRANDA CAIS = CIRANDA DAS LETRAS
Niterói / RJ, 27 de fevereiro de 2007.