Vaticínio

Lá estava o destino forjando a rinha,

Trazendo perto as coisas remotas;

Ventura apressada saía da bainha,

E a inveja engraxava as suas botas...

A ternura represada vencia o dique,

E ganhava faceira, o vale do porvir;

O barco da solidão afundava a pique,

Mau humor errava sem saber onde ir...

Sansão disposto ao auto-sacrifício,

dos deuses do escárnio, enfim, quite;

Apalpava as alvas colunas do edifício,

E bebia do lindo cálice de Afrodite...

A justiça omissa que sonegou a bênção,

Viu seus frutos crescendo silvestres;

um Juiz Maior, faz com que vençam,

os que jogam limpo durante os testes...

Agora que o bigode nasce no rosto certo,

a tina da consciência transborda espuma,

todas as agruras desse longo deserto,

serão vingadas, enfim, uma por uma...

Não temas linda, se conheço o amanhã,

Deixando disso pistas no poema que fiz;

Claro que vou ser pleno ao sabor da maçã,

Pois, no amanhã que vi, você estava feliz...