Alcaçuz
Saio de mim...
tão linda e flutuante
alma límpida, prateada e brilhante
Saio de mim...
pois já não sei quem e o que sou
e o que já fui não habita mais aqui
Foi-se!... bateu tuas asas... Voou!
Há tempos não sou apenas eu
mas o que há de ti em mim
é o eco das tuas palavras a percorrer
os horizontes e todo o meu corpo
Meu universo entorpecido pelo teu perfume
onde mergulhei em mares encantados
pelas vozes das sereias que sussurram
o teu nome nos mistérios das notas
nos cantos alados dos seres etéreos
Voei!... e voei pelo céu mais anil
mesmo sem asas não tive medo
do sopro forte do vento da paixão
que eram as tuas mãos desejosas
e cheias de malícia a me acariciar
Juro! Não tive medo!
Quis te amar!
E me lancei no fundo do teu olhar
arrancando das entranhas da vida
os sete véus da tristeza
devolvendo as mil e uma cores
aos sorrisos esmaecidos...
empoeirados e esquecidos nas gavetas
de onde fugiram borboletas policromas
por entre as flores perfumadas e azuis
que nos meus lábios eram teus beijos
doces... doces... doces... doces...
doces beijos com sabor de alcaçuz