Taça Negra da Solidão?

Porque bebes da Taça Negra da solidão?

Sim, aquela que entregam nos bares, bailes da vida,

em mesas onde procuram afogar mágoas e feridas,

ou trocá-las por uma vil, fútil e onerosa paixão?

Local fúnebre e triste é esse, corpos se brindam aos momentos.

Nas tardes e noites, dessa taça certamente já te embriagastes.

E hoje já nem o sabor do mel desse horrendo fel diferencias.

Porquê de forma cruel nos lábios essa taça oferecias?

Porque cometemos erros dessa natureza em vida?

Não sabemos, por acaso, que existem pessoas diferentes?

Porque machucamos por medo de sermos machucados?

Porque avaliamos olhando partes do passado, sabor amargo.

Pessoas como eu, devias saber, não entregam apenas a alma, se dão.

Mas como saber, Deus, se não acreditamos nem em nossa felicidade?

Minha alma já foi ferida, como a tua, em outros momentos dessa vida.

Porque damos esperanças com o nosso silêncio das tardes de Domingos?

Porque dizemos agora que a esperança, lá atrás, não existia?

Mudamos de opinião por receio da intensidade que pode machucar?

Não seria melhor deixar essa paixão nos arrasar, nos derrubar?

Ou será que já nos endurecemos como a insensível noite fria?

Foi errado reclamar tua ausência em tarde e noites?

Foi errado clamar pela fêmea amada e esperada?

Nem direitos a ouvir a sentença ao réu confesso destes!

Sou, então, um prisioneiro do teu verdugo castigo,

que com justiça, pensas, entregar ao pior inimigo?

Porque feristes a quem te fez poemas?

Que uma rosa no carro te entregou e pulou de alegria.

Trocou juras e risos como um adolescente feliz.

Porque fizestes isso? Não pareces ser insensível criatura.

Seria vingança por antigo castigo recebido?

....E se fosse eu teu redentor amigo?

Se ainda resta luz em teus apaixonados olhos,

e coragem para mudar, perdoar, ouvir quem te quer,

tome meu corpo e moldes com ele uma outra taça.

Crie um reluzente, caro e raro cristal...o melhor de todos.

E venha sem fantasia, nenhuma explicação,

acalme teu choro encima de meu ferido coração,

e ergamos um simples e belo brinde ao perdão.

E, em silêncio prece ao maravilhoso Deus criado do amor,

que certamente acalmará corações, limpará toda dor.

Cervantes Machado
Enviado por Cervantes Machado em 01/12/2012
Código do texto: T4014216
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