Poema d'um amor tardio
Ninguém nunca, poderá entender
o que fomos... somos
e o que poderemos ser
Viemos do mesmo barro batido
amassado, sovado
depois que a chuva passou
E nos descobrimos luas e sóis
por entre as nuvens e as estrelas
tão iguais e tão diferentes
Ninguém nunca, poderá entender
o que plantamos em nós
Eliminando dia após dia
as nossas próprias ervas daninhas
Assim, colhemos, perfeitos girassóis
Etéreos, belos e tão nossos
Que só tu e eu, podiamos vê-los
iluminando o encontro das nossas águas
Rio Negro e Solimões dos nossos corpos
sob o infinito azul que se fez vermelho
No espelho da vida, em que nos refletimos
Nos sentimos, além do fogo e da paixão
Depois, que a vida cruzou, nossos destinos
Desenhados nas palmas de nossas mãos
Destino, em que sou tua doce cigana a ler,
tua alma, meu rei menino
Agora, ao final...
Talvez já se faça tarde
Talvez já se faça noite
E logo, será impossível que as lágrimas
não turvem os olhos, desta minha poesia
Lágrimas que não são
nem de tristeza e nem de alegria
nem de chegada e tão pouco de partida
Lágrimas...
pois ninguém nunca poderá entender
quem fomos... somos
e o que poderíamos ser