PRINTS




A cidade é uma escarificação atroz
na face virgem do chão que era pra ser deserto.
Continua entretanto o deserto vertical,
contornado pelo som que o vento faz,
pelo pulo sem rumo dos suicidas,
pela dança da incerteza da direção.

São centenas de estranhezas luminosas,
manifestando suas velocidades na fuga
para todos os lados onde a sombra não vence.

Macacos vestidos ocultam os olhos do horizonte,
e o explêndido ato da fala treinado pelo desespero,
são o mosaico tolo da única expressão que a fome entende.


Enquanto isso tudo se dá através da vidraça,
ama-se como se esse fosse o último instante
como se as respostas viessem de um coral oculto
de crianças esquecidas e aleijadas
na Ospedalle della Pietà.
E ama-se para se enganar a morte.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 27/11/2012
Código do texto: T4007510
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.