Uma Face na Moldura da Janela
Eu vi teu rosto na janela.
Era lindo e sem sombras.
Eu senti teu sorriso discreto como aquele da Monalisa,
e por onde andava ele me seguia sem se mover.
Eu me enfeiticei e sem saber.
Eu vi teu rosto na janela.
Era lindo e na moldura imaculadamente branca.
Eu vi teu rosto, parecia uma fotografia na tarde singela,
E agora ele me trai, me vê, e até minha alma estremece e revela.
Eu vi teu rosto na janela.
Era, talvez, uma miragem em tarde de verão.
Teus olhos falavam de uma quase tristeza para a qual não me rendo.
Meus olhos te falam de um futuro que nem mesmo entendo.
Eu vi teu rosto na janela.
E confesso fui covarde, tremi, lá não voltei, fugi,
andei rápido ladeira abaixo, tive medo que tua boca se movesse,
e num beijo mágico jogado no ar, e louco, minha pobre alma prendesse.