Uma Face na Moldura da Janela

Eu vi teu rosto na janela.

Era lindo e sem sombras.

Eu senti teu sorriso discreto como aquele da Monalisa,

e por onde andava ele me seguia sem se mover.

Eu me enfeiticei e sem saber.

Eu vi teu rosto na janela.

Era lindo e na moldura imaculadamente branca.

Eu vi teu rosto, parecia uma fotografia na tarde singela,

E agora ele me trai, me vê, e até minha alma estremece e revela.

Eu vi teu rosto na janela.

Era, talvez, uma miragem em tarde de verão.

Teus olhos falavam de uma quase tristeza para a qual não me rendo.

Meus olhos te falam de um futuro que nem mesmo entendo.

Eu vi teu rosto na janela.

E confesso fui covarde, tremi, lá não voltei, fugi,

andei rápido ladeira abaixo, tive medo que tua boca se movesse,

e num beijo mágico jogado no ar, e louco, minha pobre alma prendesse.

Cervantes Machado
Enviado por Cervantes Machado em 27/11/2012
Código do texto: T4007369
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