A dor que dói mais.

Não é a dor do medo,

porque se dissipa rápido.

Nem é a dor da solidão,

já que logo vira pó.

Também não é a dor da raiva,

porque se perde no tempo.

Não é a dor da perda,

essa se tira de letra.

Nem é a dor da traição,

porque se esquece num trotar qualquer.

Não é a dor do gozo perdido,

porque esse fica esquecido num canto qualquer.

A dor que dói mais não tem alforria,

não tem voz tardia,

não tem negociação vil.

A dor que dói mais é ferina,

áspera, entala na garganta,

esbarra na alma por todos lados.

A dor que dói mais pulsa com vigor da primeira ereção,

se entala no sangue e nunca mais se vai,

nunca mais.

Ela se agiganta só pra deixar Deus ilhado,

ela chicoteia os ventos, estraçalha raízes,

esmigalha ninhos sem dó.

Ela se refaz de si mesma a toda hora,

até o infinito pedir perdão.

A dor que dói mais é a mágoa,

nada putrefaz com maior luz,

nada mesmo.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 26/11/2012
Reeditado em 26/11/2012
Código do texto: T4006547
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