ÚLTIMO ABRAÇO

Dei-te meu último abraço

nesta florida manhã que enlaço

teu corpo na lembrança do antigo ninho...

Deixo-te ao findar da madrugada

com a alma na saudade mergulhada

e ainda sinto o teu perfume nos lençóis em desalinho...

E a noite, emoldurada em fantasia,

me traz de volta o teu corpo em letargia

que me entregas sem receios e sem pejos...

Sim. Jamais hei de dizer-te frente a frente

que o desejo que se passa em minha mente

é de cobrir de realidade os nossos beijos...

É verdade... Não se revive o passado

senão na lucidez de um sonho procurado,

e na certeza de que tu vens, mas que tu vais...

E ele me traz o teu amor franco e leal,

o desnudar de tua alma sensual

a confessar cumplicidade com meus ais...

Não há palavras para dizer desta saudade

nem linguagem que defina esta verdade:

O sentimento maior é nosso tema!

Mas, ficaremos no mutismo sem qualquer definição,

pois é verdade o que diz teu coração:

“ O silêncio é muitas vezes um poema..."

Nelson de Medeiros
Enviado por Nelson de Medeiros em 03/08/2005
Código do texto: T40044
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