NATALINAS FESTAS
Eu faço poesia imberbe como o dia que pincela o vento
Amo fazer poesia é minha alma sem acento
Se precisar for levo anjos pra salvar as almas do convento
Sei que anjos estão acima de nós em seus arranjos musicais
Mais os pós estão abaixo da gravidade sucursais dos hospitais
Nada me dá mais prazer que o dedo raspando os acordes das saudades atemporais
Rebanhos tantos têm
Mais nada me sustém
Mais que o dos impostos
Tantos rostos decompostos
Minhas vidas em outras vidas
Minhas mortes tanta vezes em vidas dissolvidas
Cadê meu mundo
Sou de onde oriundo
Não quero estes disfarces
Nem outras faces risonhas
Vendendo sonhos de fronhas!
Me diz o que fiz
O que faço
Se acordo tenho que vender
Este espaço que me sobra
Esta cicatriz sem compasso
Preciso de um carrinho de supermercado
Lá quero deslizar meu embaraço
Quero que olhem com tecido de brim
No “Eu posso” contribuir
Pra mim e pra minha família
O abraço de lhes dar dignidade
Um dia na vida é muito maior
Que a minha dívida diante do que não conheço
Quero somente a dor deles pra mim mereço!
Quero o natal que eles nunca tiveram
Quero o presente que pra eles
Não pertence ao consumo
Mas da lembrança daquilo
Que eles representam pra mim
Quero o sorriso
Onde posso comprar
Embala pra presente
Desculpem-me não pelo que não pude ver
Mais por que não posso dar
Aquilo que meu amor não contem
Os ofereço o preço do meu apreço!
Os amo como sempre...
Mais Papai Noel não tem endereço!