o sangue do silêncio
serás de novo
o princípio
onde me acho
primeiro beijo
flor de ternura
dentro da boca
secreta e pura.
serás o sol e a vinha
a sede ausente
a mão no peito
que tremente
de alto a baixo
me adivinha.
serás o mar
e a areia quente
a sufragar-me
num sopro leve
a arte de matar-me
dúvida breve.
então
encosta o rosto
ao meu ouvido
e diz saudade
como canção
a desprender-se
devagar
meu paraíso
ilha a palpitar
o sangue do silêncio
que preciso.