Do Que Conheço e Do Que Não Sei (Saudade)

Conforme vivo o que não conheço

e penso no que sei

penso que rei eu sou

que de mim pouco cuida

e assim caminho em profundezas

que gosto, porque cavei

Conforme vou cheirando o coração

descubro uma geladeira –

Fria, cheio de conservas

que sei que podem estragar

e que esquento, pra provar

O velho gosto das coisas

(por vezes agradam)

Mas procurei dia desses

o sabor da saudade estranha -

Saltou das entranhas, peralta,

bulindo minha chata calma

que virou paixão, num estalo!

O estalo do portão se abrindo

e te anuncia...

E que paixão é essa

que não acaba?

Que me põe no palco

e de platéia, só seu sorriso,

falta-me a fala, que decorei

e explicações que se apagam,

dissolvidas em sua voz

Não há temperatura

nem doença, nem coração –

Há o seu beijo, que me segura

e me conduz sem mãos

pra uma dança sem música

E minh’alma treme, infantil,

como cada vez sendo a primeira

sem esquecer de outras

mas celebrando cada uma -

Assim, que me envelheça a carne

Eu desligo a geladeira

e vivo do que conheço

pensando o que não sei –

entrego-me a você, distraído,

enquanto as estrelas nos olham...

Lord Autus Gaef Foolville
Enviado por Lord Autus Gaef Foolville em 23/11/2012
Código do texto: T4000630
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