Ruminando o desamor
O ralo do tempo escoa lentamente,
As águas do amor que não vivemos;
Quisera, apenas, saber se ela sente,
Que há um desperdício entre a gente,
Que a vida frutificou e não colhemos...
Minha horta chora as dores do estio,
chuva decidiu passear noutros prados;
esperança, arde, já no final do pavio,
o inverno enviou o estímulo do frio,
nem assim, nós dormimos abraçados...
Quisera refrear a areia da ampulheta,
Até quando começasse fazer sentido;
Faria se o arco íris tirasse a capa preta,
E esplendesse vívido, heptacolor, eta,
Nosso episódio, então, seria colorido...
Pode ser que ainda está lacrado o dia,
Que serei presente embalado pra ti;
Quando soltarás o laço com alegria,
Meu estômago já acusa a autofagia,
tanto rumino um capim que não comi...