ALMA PENADA

Escuro é meu porão

sem porta

sem janela

nem canção.

Sinto o cheiro do tempo

ouço passos do vento

galopes da paz, bem longe daqui.

Pela fresta da tábua

a lua a me visitar

confidente

dá corda no sonho que dança e toca

delicado, encantado

na caixa de música,

músculo estriado.

Toda noite é assim

sempre noite

já nem sei dos dias

não impoorta

é sempre tudo igual

na casa da loucura...

De repente

a lua foge assustada

o vento vem correndo

arranca as tábuas na escuridão

arromba o armário da saudade

gavetas arrancadas

sonhos despidos

alma dilacerada...

fogo consome

vento alimenta

rastros de lucidez...

já não há

meu Anjo virou cinzas

sou alma penada

insana

insone

desabrigada

ouvindo a caixa de música

distante

lançada no tempo

sem paz

sem Anjo

sem lua

nem sonho

nem coração

alma penada...

só quer descansar.

Jeanne Temis

Jeanne Temis
Enviado por Jeanne Temis em 21/11/2012
Código do texto: T3996944
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