Teus versos, meu poema
Teus versos, lidos no silêncio
da noite insone,
despertaram na Bacante
outros sentidos.
O Mestre dissoluto utiliza,
com maestria, as tintas fortes
e inspiradoras do desejo.
Ela – a Bacante –
também nau perdida,
não sabe o que fazer com o poema,
e naufraga em verdes mares.
O Mestre, outrora argonauta,
hoje navega por outras águas.
Talvez nas lágrimas da Poetisa,
ou mesmo na taça de
vinho que a Bacante verte.
Ambos, uma vez mais,
embriagados nas
cores rubras, quiçá roxas
de prazeres afins.
Ulisses não sucumbiu
ao canto das sereias, por Penélope.
E tu dizes que trocaria
tal melodia pelos
encantos da Bacante.
Penélope tecia os fios da trama,
à espera do amado.
A Bacante tece os fios
do desejo, em busca do amante.
Enquanto isso, a Poetisa
retira-se da cena, e de
longe recolhe resquícios
desse intrincado enredo.
O Mestre, errante peregrino,
vaga por praias antes conhecidas
guiado pela luz do velho farol.
A carta náutica, escrita em segredo,
orienta – ou desorienta – o Mestre.
Em silêncio, a Poetisa desfolha
a rosa dos ventos e a Bacante,
simplesmente agradece.