MEU VENENO, MINHA CURA
Caminhando, ela vem.
Passos firmes,
Traços finos,
Aroma a se espalhar,
Cabelos soltos no ar.
Em seus lábios, um sorriso
De inocência ou de descaso?
Em todo caso, me fascina
Me prende, me alucina...
Não sei se posso fugir da sina
Que aos poucos me arruína.
Sei que a boa razão ensina:
- Devo me afastar desta menina.
Mas como, se seu jeito me atina
e sua imagem em minha retina
Constitui a luz que me ilumina?!
O que sinto, ninguém imagina.
Não há ciência que defina.
meu destino me resigna...
Mas o veneno que extermina
Acaso também não poderia
Ser o remédio que reanima?
(1996)