PETIT MORT
O cão mastiga o resto de Mondrian,
e minha preguiça produz moscas varejeiras.
Seus dedos diluídos numa viola da gamba,
cantam a paz, o amor e o som de um 38.
Um revólver entre suas pernas.
Você se lembra do azul dos olhos de ontem?
Quando assaltava o volume em minhas calças?
E quando o estiramento muscular produziu o som,
e a viscosidade molhou sua boca,
na forma de um desejo embalado em alfaiataria?
Não estamos sós nesse rompimento epitelial,
cujos restos ficaram na flacidêz posterior.
Uma língua que encontra o vácuo que se dobra em si,
produz a demência de um humano posto de quatro.
22:22, é a hora para se entender o caos.
Quando o sistema falha e a convulsão chega,
as cores de Matisse gritam e se aniquilam
e o couro rompe a pela das costas nuas.
Tudo era espesso, como espesso era o dejeto.
Deixado na entrada da escotilha violada,
como a selvageria de uma dança-cavalgada
arrefecida pela corrente sanguínea, agora,
quase compondo uma morte anunciada.