Coração Cativeiro
Passaram-se muitas estações...
Invernos calorentos
Verões gelados...
Outonos de fome e lamentos
Primaveras chorosas e apagadas...
Passaram-se muitas horas...
Tantas noites enluaradas
Tantos dias de sol...Medos e desejos
A alma serviu-se de realidades fantasiadas
Da ânsia dos abraços e beijos
Passaram-se diante os olhos o contentamento
A aflição nascida da devoção morreu...
A canção continuou...
Na areia movediça do destempero lutou...
Vencida foi a paixão...
Mas não liberada...
Dela fez prisioneira
E hoje dorme passiva no coração...
Toda ferida e acorrentada...
Escapa dos olhos em lagrimas displicentes
Mostra-se em atos involuntários
Anseia o frio nas vísceras
Quando das alturas um pássaro sem asas se precipita...
A prisioneira paixão canta seu cativeiro em sofreguidão
Controlada e amordaçada...
Sufoca, definha...
E para não alimentá-la
A racionalidade torna-se mesquinha...
Refrigério do passar do tempo
Que a todos tudo elucida...
Então eis que chega o dia!
O homem descobre que não é o bastante
Fazer da paixão emoção derrotada...
Ela dever ser depois de dominada
Julgada e condenada...
A condenação é compaixão
Liberdade para que sentimento
Se torne esta transviada comoção.
Vençam as paixões da carne
-Malefícios que escravizam a Terra-
Mas para que se tenha paz
Não façam prisioneiros de Guerra...