Taça de vinho...
O chão que hoje sob os pés sinto
É molhado pela taça de vinho tinto
Que você não tomou e em mim atirou...
E ainda o porquê essa decisão você tomou...
Discuto com minha consciência magoada,
Acho injusto ficar a vê-la abalada
Porque foi à ti que eu dei preciosa
Afeição que hoje tua ausência tosa...
Nunca olhei nos olhos da injúria,
Também não quero viver de lamúria...
Olhei foi os teus olhos de um jeito
Que só encontro nos sonhos quando me deito...
Ainda sinto meu peito molhado
Pelo vinho-sangue em mim jogado,
Mas há de um dia do céu a chuva cair
E me lave dessa dor a me ferir...
Não foi só vinho, mas também gotas de sal
Que atingiram e me causaram muito mal...
Logo todas haverão de cicatrizar
Essa angústia que o silêncio pode criar...
Só posso agora tentar te entender
Do porquê meu vinho não quis beber
Para que eu possa ir buscar
Nova taça que outra mulher queira tomar...