Amor indigesto

Ora, se tu me odeias

Odiar-te-ei sem meias

Mas, se o amor a ti recheia

Comer-te-ei de boca cheia

Agora, se o amor meu o teu refreia

Cuspir-te-ei da boca a ceia

E vomitarei como a baleia

Teu gorduroso amor entope-veias

E, do intestino por onde passeia

Guardá-lo-ei sob a areia

Onde o gato em dia arreia

Amores tais me presenteias

Ora, se tu me odeias

Odiar-te-ei sem mais nem meias

Pois se meu amor não saboreias

Nem com o teu não me alteias

E se só o dais com tantas peias

Para abrasar o que em mim ateias

Então antes que me engasgue a morte feia

Ou me entupam as tuas teias

Melhor na garganta o dedo que anseia

Regurgitar do estômago mal que ali esteia

Do que permitir ao veneno das carnes da sereia

Aos poucos matar-me de amor ou diarreia

Demofobo Santos
Enviado por Demofobo Santos em 13/11/2012
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