De repente...

Pincei, do âmago de minhas lembranças, uma de nossas muitas lascivas manhãs, aquela manhã em que te vi em nossa cama, languidamente estirada, guarnecida pela armadura de teus sedosos cabelos ainda molhados...

Esta foi a senha para que eu, sem prévio aviso, pusesse abaixo, a violar todos os tratados, as portas de tua cidadela, depois de por tanto tempo mantê-la sitiada.

Algemei impiedosamente sob o peso de meu corpo febril, como suprema injúria, as tuas costas macias, e me deixei, meu amor, navegar voluptuosamente nesse teu caudaloso oceano de luxúria...

O Sol, já bem alto, nos surpreendeu ainda abraçados, vestidos tão somente com o mágico manto de nossos inconfessáveis desejos.

Insensatamente mordisquei mais uma vez tuas orelhas: de imediato arrastaste-me para o gêiser cálido escondido no precipício de tuas pernas

A premiar-me, já abdicando de toda sacrossanta decência, com essa tua virgindade sempre misteriosamente renovada.

De repente, terçando em meus trêmulos dedos esse meu vulcânico lembrar, meu amor, eu constato que a minha necessidade de ti é cada vez maior, cada dia mais amplificada...

...É tão grande quanto o meu sorrir de agora, ao recordar que calei a algaravia de teus gemidos (dessa nossa manhã em minha mente guardada) com o mais tórrido de meus beijos.

Terra dos Sonhos, manhã de Segunda Feira, Véspera da Lua Nova de Novembro de 2012.

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 12/11/2012
Reeditado em 12/11/2012
Código do texto: T3981775
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