NEM AMOR, NEM CORAÇÃO
Nós os do agora as cinzas
sensíveis em lesões
cegos de inconsciente antolhos
Nós da secreta e pesada cruz
que de mãos atadas
não nos revelaremos em alívio
Abatidos que estamos
do que nos escasseia
nesse opoente mundo
Nós desavisados, premidos em passos;
todos sonâmbulos, claudicantes e vagos
Nós recordados por possível lado claro
já confuso e escurecido a identificar,
no drástico chão pisado
Nós que entre nós despertamos breves
em derradeiros suspiros até
o infindável sono
Nós os da lenda e queda
nós do desprezo de nós mesmos
nesse vivo mas fino fluxo de estreitamento
Nós entre a eternidade e a compaixão
dispersos, anversos
revelados ao obscuro
pro destino desse injusto laço
que aperta e comprime
no que ainda somos,
pra isso que seremos
frios
estáticos
imutáveis