Uma página da escola romântica

Oh! voltai uma vez! eu sofro tanto!

Álvares de Azevedo

Deitado sobre o teu sepulcro,

Eu triste lembro o teu sorriso...

Teu nome numa cruz pendida;

Penso em morrer — é o que preciso!

Recordo-me do juramento,

Eu triste lembro aquela tarde...

A qual disseste "adeus", menina;

Penso em morrer — não sou covarde!

Corríamos por entre túm'los,

Éramos almas inocentes...

Mas hoje nem te moves... bela;

Penso em morrer — também não sentes?

Os anos foram tão velozes,

Mas a tua voz inda me eleva...

Sinto o perfume dos teus ossos;

Penso em morrer — amor, me leva!?

Por que te foste assim tão cedo?

Eu não entendo... eras tão jovem...

Quero dormir em tua alcova;

Penso em morrer —, pois todos morrem!

Deitar-me e entrelaçar-te o corpo,

E suspirarmos de desejo...

Oh musa sepulcral divina;

Penso em morrer — assim te vejo!

Estou pensando seriamente

Em me matar no mesmo leito...

Preciso dar-te um beijo, amada;

Penso em morrer — pois, já me deito!

Tremeste as mãos, eu vi donzela!

Estás chorando, amada minha?

Meu pranto é que te beija a face;

Estou morrendo, enfim — anjinha!