Quando eu partir
Quando eu partir
não te surpreendas se a noite
se fizer mais escura
e o vento frio penetrar,
sem pedir licença,
nossa janela, entreaberta
E sem pudor, entre as cobertas
percorrendo tua pele,
provocar arrepios
e envolvendo teu corpo
em abraços de ternura,
trazer-te outras lembranças
Sou eu este vento frio
a provocar recordações de noites quentes
Não te surpreendas se a dor
da saudade apertar, mais ainda
na lembrança de nós dois,
se o destino nos impos
malfadada distância
que mal soubemos disfarçar
Eu sou a lágrima de tristeza
que esconde o teu sorriso
Entorne a solidão pela janela
no bojo da escuridão, se acontecer
e vais perceber que já parti,
mas num recanto do quarto
serei o espectro da alegria
escondido em teu passado
Não te surpreendas, portanto
se me encontrares viva,
estremecendo em teu corpo
vibrando em tuas entranhas
como lembranças estranhas
de encantos e desencantos
que em ti sempre serei,
depois que eu partir