Sombra e Luz
Eu não sou o que penso,
Nem o que pensas de mim.
Sou a palavra soletrada pela vida
Que algum dia se esvai, mas vai longe...
Sou a que entrou pelos teus olhos, ouvidos e desejos,
Pelas tuas lembranças e ossos, fazendo trepanação
Em teu calcâneo.
Pesa-me saber que não podes mais caminhar para longe [de mim...].
Nenhuma alquimia, ritual ou sepultamento separaria nós dois, estou implantada em todos os teus átomos, em cada centímetro da tua resistência.
Não, eu não sou o que pensas, nem o que penso.
Assombro-me por qualquer falta de luz, pela estultice dos que se imaginam melhores.
Temo as noites vestidas de feitiços, e quando a minha mão divaga a procura da tua, mas nada, nada, nada, nada de faz temer mais do que quando há falta dos teus braços moldando o meu corpo.