Dama Negra

Teus olhos são negros, negros,

Como as noites sem luar...

São ardentes, são profundos,

Como o negrume do mar;

Sobre o barco dos amores,

Da vida boiando à flor,

Douram teus olhos a fronte

Do Gondoleiro do amor.

Tua voz é cavatina

Dos palácios de Sorrento,

Quando a praia beija a vaga,

Quando a vaga beija o vento.

E como em noites de Itália

Ama um canto o pescador,

Bebe a harmonia em teus cantos

O Gondoleiro do Amor.

Teu sorriso é uma aurora

Que o horizonte enrubesceu,

- Rosa aberta com o biquinho

Das aves rubras do céu;

Nas tempestades da vida

Das rajadas no furor,

Foi-se a noite, tem auroras

O Gondoleiro do amor.

Teu seio é vaga dourada

Ao tíbio clarão da lua,

Que, ao murmúrio das volúpias,

Arqueja, palpita nua;

Como é doce, em pensamento,

Do teu colo no languor

Vogar, naufragar, perder-se

O Gondoleiro do amor!?

Teu amor na treva é – um astro,

No silêncio uma canção,

É brisa – nas calmarias,

É abrigo – no tufão;

Por isso eu te amo, querida,

Quer no prazer, quer na dor...

Rosa! Canto! Sombra! Estrela!

Do Gondoleiro do amor.

DanielFCosta
Enviado por DanielFCosta em 06/11/2012
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