Ilusão genuína
Ilusão genuína
As vezes te vejo quase em detalhes.
Já não és uma estranha, uma desconhecida.
Outras vezes és uma estrangeira de passagem
Uma mola encolhida
Apesar dos lados distintos, opostos
Tens um jeito misterioso que gosto
Que deixa em alerta os meus sentidos
Sinais confusos de paz e de perigo
Ouço teu sorriso sem ouvi-lo
Declarações que quase creio
Você me chamando de amor é um convite
Ao que quero e ao que receio
Estamos lado a lado em visões e sonhos
Vamos juntos ao encontro do desencontro
Nos encontramos com muita saudade
Mas nunca nos vimos de verdade
Tudo é muito estranho, diferente
Até o tempo é atemporal
Ele passa por nós tão rapidamente
Depois pára, retorna e tudo fica igual
É verdade que a verdade existe
E consiste em acreditar que nos damos
Que somos donos quando desejamos com paixão
Ter o que a distância não permite é vão
As viagens do pensamento se esvaem na fumaça
Lúdico é o vento soprando a nuvem que passa
O coração bate forte, descompassado,
Lembrando as alegrias e as mortes do passado
Como beijar a felicidade?
Como é esse gosto posto em fotos?
Como é o som do teu sorriso em gestos de carinho?
Qual é a tua intensidade em desalinho?
Assim, como uma história contada em rima
Como uma lenda ou um romance que fascina
Não sei se és uma doce ilusão genuína
Ou se de verdade você existe, Janaína
Paulo Mauricio