Segredos
Vou contar um segredo,
Peço extrema discrição,
Vai vir do fundo do coração,
Se liberto for o medo.
Um segredo eu vou contar,
Peço um pouco de paciência,
Não sou bom em coerência,
Mas prometo me esforçar.
Contar um segredo eu vou,
Antes que se perca a coragem,
De fato perdido na viagem,
Vejo agora que estou.
Sem destino solitário vagava,
No horizonte nada a encontrar,
Na vazia estrada só o caminhar,
Seu semblante a brisa afagava.
As estrelas o acompanhavam,
Que mais podia precisar,
Acima do magnífico altar,
Macabras visões o açoitavam.
Sob o brilho do luar,
Sensações se condensavam,
Egos se acovardavam,
Nada mais a esperar.
Vou contar um segredo,
Ele não sabia o que fazer,
Sabia apenas que podia reter,
Para sempre todo o medo.
E agora pergunta-me por quê?
Faço de conta e desconverso,
Viro a profecia ao inverso,
E o culpado passar a ser você.
Um segredo eu vou contar,
Havia algo bem escondido,
Um coração todo ferido,
Prestes a se despedaçar.
A compreensão sendo a máxima,
Que fez se não ouvir?
Se absteve e deixou fluir,
Sua tão querida lástima.
Contar um segredo eu vou,
Que se deleite a mocidade,
Poder de esconder a capacidade,
Finalmente se esgotou.
Na estrada vazia o eu se divide,
A tensão toda se desfaz,
Logo acaba olhando atrás,
Eis que enfim progride.
Contar um segredo eu vou,
Foi-se o tempo da separação,
Restou apenas a coroação,
Seu sempre fui e sempre sou.
Um segredo eu vou contar,
É seu e vou continuar a repetir,
Se queres ou não ouvir,
Tal fato não poderei mudar.
Vou contar um segredo,
Aquele que todo meu,
É de ninguém se não só seu,
Todo esse revelador enredo.