O tempo fora do relógio

Ao menos uma vez, fique.

“Qual é a cor do amor?”

De que me adianta agora essa maturidade alcançada a lágrimas, suor e sangue?

Sento-me com a solidão todos os dias, durmo, como e fantasio romances com ela...

Perceba: “As possibilidades de felicidade são egoístas meu amor...”

Talvez solos de violinos ou um fundo de órgãos fúnebres se encaixassem melhor com este momento...

Ao fundo sussurros de alguma conversa fútil.

Meu descompassado coração anseia por algo etéreo, algo incomum, algo magnífico e simples...

Simples e raros.

Momentos...

Escolho os caminhos com cuidado, sei que há muitos atalhos que não dão a lugar algum.

Mas que vontade de me perder entre eles.

Todos parecem mais felizes, pois não conhecem de fato a felicidade.

E quem sou eu pra julgar, pra ser advogado, juiz ou promotor?

Esse tribunal (vida) está corrompido por completo.

Penso uma coisa, falo outra, e não faço nada mesmo afinal de contas...

Não importa a quantidade de horas que durmo.

Penso, reflito, pondero...

O tempo não existe fora do relógio.

Amarras e correntes, grilhões, cadeados de raro e fino vidro.

Queria – e tenho total liberdade e força pra destruí-los – mas são tão lindos!

Que os carrego comigo pelo caminho.

“Amar é um deserto e seus temores...”