Recordações
Um canarinho pousou
em minha janela
cantou ilusões ao meu ouvido
e partiu
Revolveu, seu canto
coisas que dormiam
dobradas como velhas cartas
com cheiro de antigamente
Voltaram lembranças de tua voz
em surdina
ondulando a tristeza
tocando direto a libido
No escuro encardido da alma
a mágua vai minguando
no vácuo do tempo
escorrido
Na minha janela
vejo o sol alaranjando os telhados
e tua face refletida nela
Minha perdição!
Perdição de minha vida
Transpira o pensamento
A melancolia ronda
No corpo um calafrio perplexo
sente teu sopro
enquando desaparecemos no azul da tarde