Pra Não Afugentar-te...

Pra não afugentar-te...

Já não sugo dos dias a luz do sol...

Bebo as estrelas no céu,

Porque ao vê-las

Vislumbro os olhos teus...

Já não tenho sede de água comum

Mas do néctar que se derrama

Em amor, perfumes, torpor...

Já não ouço o compositor,

Mas a música única,

Longínqua, amada

Dos lábios de fala lenta,

Pausada que atravessa o tempo

Que entoa na madrugada

E vem como poeira ao vento...

Já não caminho os mesmos passos

Sem nexo, sem estrada, sem nada...

Porque das pernas fiz minhas asas

E das mãos as escotilhas

Pra abrigar-te do vento forte

Que no mar arroja as naus...

Voei no tempo, venci o espaço,

Dormi com sonhos bons

E acordei inteira

Em lençóis de seda

Macios e ternos

Como as mãos amadas...

Entrelacei meus dedos

No tecido sereno

Beijei um beijo ameno...

Não fiz ruído algum

Pra não afugentar-te

Do meu sonho...

Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 27/02/2007
Código do texto: T395276