Cacoete

Não tive, não tenho a intenção de magoar-te,

Meu amor por ti é sacratíssima arte

Que meu pincel pinta através das palavras.

A raiz do seu bojo configura-se de forma platônica,

Mexe e remexe com minha estrutura anatômica,

Deixando-me desenhar perfis sem molas na catraca.

Amor que não se dissipa com o desenrolar do tempo,

Fica preso nas entranhas esse inesquecível sentimento

E meu esqueleto solda células que me maltratam...

Camuflado por sorrisos que transformam minha face,

Esse amor habitaria o deserto se se manifestasse

E me levaria a um sepulcro de barro, sem ouro nem prata...

Torno prisioneiro um amor que pode ofender-te,

Por isso tu navegas em mim como insigne cacoete

Que a vida me impôs como pérola de ressaca...

Tempestade que me faz sofrer no balcão do espaço

E que me deleta do íntimo a esperança que abraço

Que é sonhar com um amor que fenece em minha carcaça!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 25/10/2012
Código do texto: T3952440
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