AMOREMAR
Todo o verde à minha volta
todo o mar que é só revolta,
vôo solo da gaivota...
Tudo me lembra você!
Ondas ferindo areias,
luas e marés cheias,
canto ao longe das sereias
(tristeza a não ter mais fim...)
Abro o coração ao vento
que escutando os meus lamentos,
conta tudo para o céu.
E, então, o céu se comove
e chora a não mais poder...
Desaba em lágrimas doces,
cadências do meu sofrer.
E sei que tanto tormento
queima, machuca, angustia!
Destoa das alegrias
de um mundo cuja euforia
faz refrão longe de mim.
Mas, sendo o fingir a regra
e o ofício de nós, poetas...
Sorrio – um tanto sem pressa
disfarço, assim, meu pesar.
Pois dentro de mim: só névoa.
Estrada sem horizonte.
Caminhos, rios sem ponte,
ausência de solução.
Amoremar – verbo novo!
Palavra rompendo o espaço,
rima que escapa ao laço,
som que resume os “ais”.
De todos os viajantes.
De todos os derrotados.
Dos que fugiram da vida
e se entregaram pro mar.
E o que são “ais”?
Melodias!
São sílabas das poesias!
Versos de peito-cais!
Goimar Dantas
Juréia de São Sebastião
Litoral Norte de São Paulo
17h21, em 06/01/2007