se tu fores

se não fossem as flores,

se não fossem as cores,

se não fossem as dores

que te fizeram sorrir.

se não fossem os amores,

se não fossem os odores,

se não fossem os sabores

que não me deixam mentir.

se essa tua fragrância,

se essa tua importância,

se essa tua arrogância

de que não posso fugir.

se essa tua aparência,

se essa tua imponência,

se essa tua inocência

que teimo em não assumir.

quem me dera a razão,

quem me dera a ilusão,

quem me dera a expressão

que nunca pude exibir.

quem me dera o gracejo,

quem me dera o desejo,

quem me dera o teu beijo

que pode me redimir.

se tu fores o mel,

se tu fores o céu,

se tu fores o fel

também posso ingerir.

sem te ver, anoitece;

sem te ter, escurece;

sem teu ser, empobrece

o que posso sentir.

Rio, 13/12/1999