Embriaguez
Minh’alma um dia, sonhou,
pensou... Acreditou...
Depois de tantas noites de olhos de corujas
De lebres ariscas
O coração disse arrisca, arrisca.
E na canção da maré,
a areia deixou-se envolver.
Alguns instantes de sobriedade
Ou novamente a insanidade?
E como em tantas, a razão embriagaste.
E entre lagartas e borboletas
na dúvida vivi a certeza.
Mas a eternidade tem a velocidade da luz.
Lucidez, insanidade... Ilusão da alma
Que sente o coração?
Mareando entre viver e razão,
Entre bênção e maldição...
Onde estava eu?
Não vi que minha alma se enganava?
Que o coração sozinho novamente amava?
De quantos “perais” terei que cair?
De quantos banzeiros vou fugir?
Quantas ribanceiras ainda irei subir?
Mas a areia também se embriaga
Se deixa envolver, abraçar, levar.
É novamente o mar, o amar.
E a areia fica, chora
e novamente ama.
Lucidez, embriaguez, ilusão, razão,
lágrimas... Lágrimas.
Mas se chorar é minha sina,
sou a areia do mar
e a árvore das andorinhas.