Aquela futura paixão
Desistimos daquela futura paixão por esperar que ela aconteça
desistimos daquela futura paixão por não ver o céu estrelado naquela noite quente de verão
desistimos daquela futura paixão por não termos livros de poesia, não tocarmos o coração, não inspirarmos a alma
desistimos daquela futura paixão pelo nosso ego inflado, por não entendermos de sentimentos, não admirarmos sorrisos, desistimos sem lutar internamente pela busca incessante do amor
desistimos daquela futura paixão por não sabermos o que é o amor, qual seu início, meio e fim se é que existe fim, por medo do dia seguinte, por medo do dia vivido, por lamentações passadas
Desistimos daquela futura paixão para não dividirmos, não sofrermos, não chorarmos, não esperarmos, não preocuparmos. Sim! desistimos. Desistimos por não ligarmos, para não esperarmos o dia inteiro por aquela ligação, não sermos ignorados pelo olhar.
Desistimos daquela futura paixão pelo nosso egoísmo, por sermos conservadores, pelo nosso conformismo, pela falta de atenção, por não acreditarmos em contos de fadas, por não aceitarmos defeitos e reconhecermos qualidades.
Desistimos pela nossa ignorância, pela falta de fé. Ao anoitecer apenas lamentamos, e inventamos novos amores. Vivemos da ilusão de que algum momento elá virá e resolverá nossas angustias e lamentos. Enquanto nos enganamos, a alma derrete, feito cubos de açúcar expostos à uma tempestade tropical.
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