As Tuas Cores
Vejo-te com teu olhar anil,
Beijando o vermelho de pudor,
Tua alva palidez é tão sutil,
Como a rósea cor d’um amor!
E este tua branca luz de paixão
Fala-me com seu tom preto,
Dizes a sombra cinza da solidão
Que eu fora um poeta grego!
Nem ao menos saberia falar,
Qual som bate-lhe na rósea pupila
Só no contraste do sonhar,
É que esse seio virginal se cintila!
Mas temo como um vampiro,
Tocar-te estas mãos amareladas,
Com o ar roxo que eu respiro,
Fazendo as tuas lágrimas molhadas
No entanto ao teu corpo marrom,
Esmaecem as descoradas cores,
Pressinto tocar-me o fúnebre dom
Das páginas coloridas de amores!