Mensagens
Quando a tarde cai
ferida de bronze estremecido,
transpassada de pássaros e sinos,
sangrando luzes rubras:
ensarilho os versos em gravetos
para pôr no ar estrofes de fumaça...
A noite abre seu porta-jóias
e expõe a pedraria:
delírio de rubis,
desvario de esmeraldas;
ametistas febris,
trêmulos diamantes:
bato tambor nas teclas
em mensagens que se perdem
pela selva da insônia.
O sol assola as sombras
com solos de flautim e aquarela:
vôos velozes varam vastas várzeas verdes;
o dia instaura seu mandato de matizes.
Ainda, insone, eu te envio
tímidos sinais de luz
no olhar desconsolado
da última estrela tonta
que desmaia abandonada.