“Cala-te…”
Pediu-lhe ela com carinho
Não querendo de facto que ele deixasse por completo de falar
Querendo vago entre os dois
O espaço que as palavras estavam a ocupar…
Só lhe pedindo uma vez
Deixando que o silêncio que se seguiu
E o seu olhar
Transmitissem o resto da mensagem
Que dizia apenas
Que até tudo acabar
Era com ele que ela gostava e queria estar…
Estar com tempo equilibrado
Onde tudo poderia ser também excessivo
Desde que tal
Fosse devidamente repartido…
E por isso naquela altura
Ela queria apenas o silêncio
Queria comunicar
Sem ter que o verbalizar
Queria ir com ele
Para um algures dentro deles
Ir dançar
Na grande madrugada
Que começou nesse pedido
Porque ao fazer tal
Ela descobriu
O que ele realmente representava
Reparou
Nessas horas maravilhosas
O quanto o amava
Tudo isto
Naquela bendita madrugada
Onde o silêncio
Constituiu o compasso
Deles medirem o Seu Tempo…