Poema para Ana Maria
 
A vida muita coisa não me deu;
Amores foram tantos...
Umas, ao se irem, deixavam alívio;
Outras, saudade e pranto.
 
Podiam durar pouco ou então anos...
Uma plantou semente:
Veio bem de longe e quando partiu
Permaneceu pra sempre.
 
Luz e anjo...  Ana Maria era tão linda!
Era mesmo um amor.
Exalava indecifrável perfume
De recôndita flor.
 
A pele tinha a maciez das pétalas
E o rosado da aurora.
Nos seios, nem tão grandes nem pequenos,
Dois biquinhos de amora.
 
Nos ombros, o ouro dos cabelos brandos
Tal véu de seda pura.
Nos lábios, beijo de deusa e a cor
Da pitanga madura.
 
Os olhos de inigualável matiz
Desfalcavam do céu
O azul. Quem sabe dos mares o verde,
Mais o doce do mel.
 
Chegava feliz num sopro de paz,
E o amor vinha com ela.
Parecia ser triste ao pôr do sol
E, no entanto, mais bela.
 
Disse um dia que não era tristeza:
Gostava do sol se indo,
Apenas para vê-lo de manhã
Voltar muito mais lindo.
 
Ana Maria era tão boazinha!
Era mesmo um amor.
Ana Maria me amava. Não ria
Nunca da minha dor. 


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N. do A. - Na ilustração, Retrato de Jeanne Samary de Pierre-Auguste Renoir (França, 1841-1919).
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 09/10/2012
Reeditado em 01/09/2020
Código do texto: T3923671
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