Destino das marés

A Juliano Petrovich

A vaidade e languidez da multidão

reafirmam o abismo da tua ausência

porque perto nos fazemos tão longe?

Teu lado menos sutil responde faminto:

Não há sentimento em ti, senão o desejo

de consumir apenas os bons frutos!

Se pouco te conheço, mais te vejo

esfumaçado, assumindo vários rostos

os quais reconheço em pedaços...

Há algo em nós que permanece resignado

Será desperdiçar o contexto,

desejados pelo resto dos outros,

despejar as cinzas dos momentos?

Será zelo das lembranças,

variar lábios, nos ansiando em vão

na correnteza dos dias que não são?

Talvez não lembrasse, não mais ansiava

só contemplava o nada, sem porém

proferir palavras,

na contrapartida de produzir insultos,

sentidos recíprocos de individualidade

tu na rede, eu nas pedras;

(mesma hora, em nadas diferentes)

ambos colecionando um amor egoísta

balançando exauridamente o verão

incomodando a falta do que não houve

suavizado, porém, pela originalidade da fuga

porque nada se eleva diante os clichês;

nem teus olhos, nem teus pés

(já não os mesmos)

inconcluem o destino das marés.

Shauara David
Enviado por Shauara David em 09/10/2012
Código do texto: T3923659
Classificação de conteúdo: seguro