Destino das marés
A Juliano Petrovich
A vaidade e languidez da multidão
reafirmam o abismo da tua ausência
porque perto nos fazemos tão longe?
Teu lado menos sutil responde faminto:
Não há sentimento em ti, senão o desejo
de consumir apenas os bons frutos!
Se pouco te conheço, mais te vejo
esfumaçado, assumindo vários rostos
os quais reconheço em pedaços...
Há algo em nós que permanece resignado
Será desperdiçar o contexto,
desejados pelo resto dos outros,
despejar as cinzas dos momentos?
Será zelo das lembranças,
variar lábios, nos ansiando em vão
na correnteza dos dias que não são?
Talvez não lembrasse, não mais ansiava
só contemplava o nada, sem porém
proferir palavras,
na contrapartida de produzir insultos,
sentidos recíprocos de individualidade
tu na rede, eu nas pedras;
(mesma hora, em nadas diferentes)
ambos colecionando um amor egoísta
balançando exauridamente o verão
incomodando a falta do que não houve
suavizado, porém, pela originalidade da fuga
porque nada se eleva diante os clichês;
nem teus olhos, nem teus pés
(já não os mesmos)
inconcluem o destino das marés.