Achei que fosse morrer.

Achei que fosse morrer.

Os meus braços estavam bambos.

Calafrios percorriam meu corpo.

As palavras perdiam o sentido de sempre e ganhavam outro.

O relógio andava mais rápido.

A morte me encarava.

O fim estava próximo.

Não havia mais tempo para me redimir dos meus esquecimentos.

Eu havia me esquecido de viver.

Não havia mais tempo para escrever.

Não havia mais tempo para declarações de amor.

Não havia mais tempo para desculpas.

Não havia mais tempo para arrumar o armário.

Devia ter usado o tempo enquanto ainda era tempo.

Agora era a morte, só me restava morrer.

Já que havia me faltado coragem para viver.

O sentido que eu nunca encontrei estava ali o tempo todo.

Estava nas escolhas que eu não fiz, nos beijos que eu não dei.

Na vida que eu esqueci de viver e que de alguma forma eu vivia aos poucos.

Eu achei que fosse morrer, mas era gripe.

Ainda posso viver.

Débora Ramos
Enviado por Débora Ramos em 05/10/2012
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