Preto e Branco

E longe vinha o menino, menino-homem

caminhando em solidão. E seus olhos

tudo viam. Viam o velho carvalho

escondido na floresta; o riacho

tornar-se rio, o rio tornar-se mar.

Seus olhos tudo viam. Em preto e branco

seu mundo desfilava, soldados de chumbo

marchavam em sua cabeça, na cabeça do menino.

Sua amiga solidão, companheira inseparável, triste

seguia o menino, menino-homem, coração de ouro.

Mas chega a luz, clara, claridade.

Milhões de cores invadem seus olhos, milhões de

cores em danças proibidas. Com a luz vem a menina,

menina-alegre, menina-quente, menina-bonita.

Juntos, menino e menina, libertam a solidão.

Unidos num momento único, refazem o amanhã,

explodem em energia, vontade, desejo, amor?

Mas o destino, ladrão e invejoso, carrega a

menina pra longe, carrega pra longe a luz.

E os olhos a tudo viam, em preto e branco,

a tudo viam. E choram, em preto e branco,

seus olhos choram...