VERSOS QUE NUNCA FIZ PARA VOCÊ

Há poemas de tanta santidade

Que eu nunca escreverei para você;

Há versos tão profundos de saudade,

Tão cheios de aflição e ansiedade,

Que eu nunca escreverei!... Sabe por quê?

Porque são como gemas que o avarento

De todas as belezas do Universo

Oculta num estranho encantamento

E ama no seu vão deslumbramento,

Como a emoção cristalizada em verso.

São como a fonte que ao soltar as águas,

Alimentando as glebas e os trigais,

Não conta no caminho as suas mágoas

Que vão rolando tristes entre fráguas,

Escondendo seus próprios madrigais.

Livro: Rimas antigas, Sonetos e Poemas

– Editora Líder pág. 205

Autor: Nunes Bittencourt

Nunes Bittencourt
Enviado por Madalena Gomes em 01/10/2012
Código do texto: T3910104
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