No silêncio da noite insone
Há dias em que o tempo desperta
uma saudade incômoda,
que aperta o peito, feito um
fio de arame farpado.
E sangra o amor inacabado,
perdido entre nós,
no desacerto das horas.
O pensamento, nau perdida
de tuas lembranças,
vaga em busca do porto seguro
que já não encontro em ti.
Eu naufrago nas palavras.
Mergulhada no abismo
sem fim costuro os versos,
erguendo estrofes em
um poema imaginário.
Verto, no silêncio da noite insone,
as lágrimas, gotas insanas de
um pranto dorido, sangue
perdido em tuas veias.
Tu és, ainda em mim,
a metáfora do amor tardio,
a ausência sentida,
a resposta que,
por breve momento,
procuro em vão.
Resgato a Bacante de outrora
que já não serve ao Mestre.
Enquanto isso, a Poetisa,
melancólica, somente
lamenta e chora.