No silêncio da noite insone

Há dias em que o tempo desperta

uma saudade incômoda,

que aperta o peito, feito um

fio de arame farpado.

E sangra o amor inacabado,

perdido entre nós,

no desacerto das horas.

O pensamento, nau perdida

de tuas lembranças,

vaga em busca do porto seguro

que já não encontro em ti.

Eu naufrago nas palavras.

Mergulhada no abismo

sem fim costuro os versos,

erguendo estrofes em

um poema imaginário.

Verto, no silêncio da noite insone,

as lágrimas, gotas insanas de

um pranto dorido, sangue

perdido em tuas veias.

Tu és, ainda em mim,

a metáfora do amor tardio,

a ausência sentida,

a resposta que,

por breve momento,

procuro em vão.

Resgato a Bacante de outrora

que já não serve ao Mestre.

Enquanto isso, a Poetisa,

melancólica, somente

lamenta e chora.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 30/09/2012
Código do texto: T3909431
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