FINAL DE SETEMBRO
FINAL DE SETEMBRO
Te deixo o vento que urge o peito na noite fria,
Te deixo as cartas, que foram tantas,
Te deixo os sonhos, todos esquecidos,
Te deixo algo além de palavras, deixo-te vida,
vida que me deste a cada noite em forma de um pronome indefinido.
Deixo também o céu, que um dia busquei a teu nome, e o colori com a nuances singulares do teu sorriso...
Deixo as luzes do dia, pois um dia o sol se pôs sobre nossos sorrisos.
Te deixo ainda caminhos...
Caminhos pelos quais percorri e vi que eram perfumados por Deus,
outros tantos que sequer olhe, pois carregam os ares do inferno...
Te deixo um sinal...
Uma marca de sangue fendida em teu peito...
Pois ali morei...
Residi e resolvi resistir ao dessabor da solidão...
Solidão que havia sido opcional...
Até o dia que acordei sob o sereno hálito de teus lábios...
Findando setembro, te deixo a primavera...
A herança de que o cerrado nunca morre, ele sempre volta, e continua vivo sempre...
Sempre voltarei...Como voltam as chuvas...
como voltam as flores...
como volta a vida...
Sérgio Ildefonso