De ser só...

Eu vivo num ininterrupto de paixões

Mal cala-se uma

e outra já vem voraz

Devorar-me inteira.

Não sou mulher de uma lua

O ciclo dos fogos me acompanha

a ode exorbitante dos sóis

Um milhão de constelações n’um sopro

e deixo a luxúria esvaziar-me

Permaneço na fina inocência d’um felino

mordaz, crente num sonho...o bote!

E se n’algumas vezes olho para trás

é para que não se apaguem as luzes.

Deixo o pretérito abrir-me de vida

Restauro-me só e tão somente nas lembranças...

Pensei ser oca

um emaranhado de vazios mal cicatrizados...

Ora sinto-me tão amena quanto o voo d’uma borboleta

Mas ora, estas tórridas e febris, vejo-me forte

Tão demasiada quanto vulcão flamejante.

Sou o que ninguém será ou foi

Secreta para mim mesma

Com um sorriso silencioso, qual a morte

e um olhar de estrelas cortantes,

mas de estrelas, apenas!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 29/09/2012
Código do texto: T3907198
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