De ser só...
Eu vivo num ininterrupto de paixões
Mal cala-se uma
e outra já vem voraz
Devorar-me inteira.
Não sou mulher de uma lua
O ciclo dos fogos me acompanha
a ode exorbitante dos sóis
Um milhão de constelações n’um sopro
e deixo a luxúria esvaziar-me
Permaneço na fina inocência d’um felino
mordaz, crente num sonho...o bote!
E se n’algumas vezes olho para trás
é para que não se apaguem as luzes.
Deixo o pretérito abrir-me de vida
Restauro-me só e tão somente nas lembranças...
Pensei ser oca
um emaranhado de vazios mal cicatrizados...
Ora sinto-me tão amena quanto o voo d’uma borboleta
Mas ora, estas tórridas e febris, vejo-me forte
Tão demasiada quanto vulcão flamejante.
Sou o que ninguém será ou foi
Secreta para mim mesma
Com um sorriso silencioso, qual a morte
e um olhar de estrelas cortantes,
mas de estrelas, apenas!