Voam os passos.
Ideias batidas de tanto bater
com a cabeça nas almofadas do sofá
criando coragem no fundo do âmago
para encarar o chuveiro numa primavera
fria.
E mesmo com a água escaldando
sinto algo incomodo ainda impregnado na pele
como o cheiro de lembranças de ontem
mas que parecem ter acontecido a muito tempo atrás.
E agora o passo dos dias é marcado pelo compasso
dos cobertores e pela frequência de vezes que me deito para dormi.
Uma vez por dia, sempre tarde da noite
e não parece mais haver distancia nem horas nem ocorridos
do momento em que abro os olhos para acordar
e o momento em que os fecho para sonhar.
O passo dos dias vai acelerado
e não cheguei a lhe dizer coisas que ensaiei para lhe dizer
não vi os teus olhos quando esperava ver
e ainda posso sentir a sua presença impregnada em mim
tão forte e tão persistente que nem mesmo a água ardente
pode leva-lo daqui.
Como se eu precisasse de estímulos
para me apaixonar todos os dias
e me lembrar para não esquecer
que quase pude tocar teus lábios
e teus segredos que foram escritos só para mim.
mas levei muitos malditos segundos para agir
e o passo dos dias correu acelerado
levando de novo planos mal planejados,
mais cheiros de lembranças para lavar
grande parte delas, lembranças de você
e dos teus olhos....
Lembranças das quais sempre me lembro
para nunca me atrever a esquecer.